domingo, 19 de maio de 2013

Sobre a história, idiotas e a politica: como a democracia liberal acabou com a democracia

FUVEST2012

Há pouco mais de duas décadas, caía o Muro de Berlim. Terminava, enfim, um gelado embate entre dois extremos políticos: de um lado, enterrado nos escombros, o comunismo, de outro – emergindo vitorioso – o capitalismo. Era o fim da história, dizia Fukuyama. A humanidade chegou no mais alto ponto de evolução possível. A democracia liberal ocidental venceu. Era uma questão de tempo até que toda as sociedades abraçassem esse modelo de governo e a humanidade entrasse num processo de estagnação. Após um século turbulento, finalmente, o mundo poderia descansar e se entregar aos prazeres do capital. Uma onda de consumo invadiu a cortina de ferro. Em meio a hamburgueres, refrigerantes e roupas da moda a conciência política foi sendo enterrada. Afinal de contas, não havia mais nada a fazer. A democracia e a liberdade já estão garantidas e, agora, a mão invisivel da economia zela por todos.

Nessas duas décadas, entretanto, podemos constatar que a história não acabou. Também a democracia liberal ocidental não se mostrou tão forte, muito menos se universalizou como acreditava Fukuyama. A história continua. Mas houve, sim, um efeito devastador da queda do Muro de Berlim: a conciência politica das massas se enfraqueceu. A falsa ideia de uma história maniqueísta e com um lado triunfante, fez com que as pessoas esquecessem suas ideologias.  E aqui, 20 anos depois, temos uma geração dominada por analfabetos politicos. E orgulhosos disso.

Felizmente, nem toda oposição politica foi enterrada. Ainda há aqueles idealistas que resistem. Também surgiram novas posições políticas, adaptadas aos novos tempos, como os partidos Verde e Pirata. Movimento políticos tomaram as ruas; Occupy Wall Street, Slut Walk e a Primavera Àrabe são alguns exemplos. Porém, todos esses esforços ainda agregam uma fragilidade ideológica e política frutos do tempo que vivem. Além de encontrarem resistência entre a maioria de apolíticos que não acredita em movimentos sociais.

Neste cenário dominado pela apatia política e idiotice individualista, regredimos para um governo dominado por uma minoria, regrado pelo consumo, pela mídia, pela economia. O papel do cidadão se resume, quando muito, em votar. Não há participação popular. Não pode existir uma democracia real sem participação politica efetiva dos cidadãos.

Vivemos um processo de anti-democratização da democracia. Uma democracia ilusória onde nossos direitos e liberdades são limitados pela nossa própria ignorância política. Culpamos o Governo, esquecendo que nós somos o agente construtor dele. Usamos a corrupção como desculpa para legitimar nossa apolitização, mas é da nossa postura apolítica que nasce o político corrupto. Não sejamos analfabetos políticos. Não nos orgulhemos de odiar política. Não esqueçamos que da nossa apatia é que nasce a miséria, a violência e o político vigarista, corrupto e lacaio das empresas multinacionais. Não sejamos idiotas.

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