FUVEST 89
Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Discuta as ideias contidas nos versos acima, confrontando-as com o momento que vivemos hoje no Brasil.
No século XV, os portugueses deram inicio as grandes navegações. E ao se lançarem ao mar, mudaram drasticamente o rumo da História. Tal feito é cantado por Camões em sua epopéia "Os Lusíadas", onde o poeta destaca o real herói português: o povo lusitano. Já no século XX, Fernando Pessoa retoma as navegações e o heroísmo português questionando, porém, o preço pago pela ousadia. Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal? É inegável o alto preço que os grandes feitos carregam. . A cada dez ano um grande Homem. Quem pagava a conta?, pergunta Brecht.
Mães, filhos, noivas; suas lágrimas inundam a história. Quem quer passar além do Bojador, tem que passar além da dor. A ousadia é o preço do progresso. E a ousadia tem suas penosas conseqüências. O progresso, portanto, é construído sob o sangue, suor e lágrimas de um povo. Vale a pena?
Tudo vale a pena, se a alma não é pequena. O sofrimento é inevitável, usemo-lo para que sejamos grandes. Nossas lágrimas salgam o mar e sustentam a história, que sejamos os protagonistas. Que sejamos heróis. Que tomemos as rédeas do nosso futuro, do progresso, da ordem. E é assim que surge, na alma humana, o desejo pela democracia.
O povo engrandecido pela consciência do seu papel histórico ocupa o que lhe é de direito: o poder político. É esse processo de engrandecimento – que faz o progresso valer a pena – que vemos em movimentos como as "Diretas Já"; o povo consciente de sua grandeza não se submete mais ao controle autoritário e não-representativo. O povo se torna, finalmente, herói.
Portanto, é necessário que jamais esqueçamos o preço de todo progresso. Não deixemos de questionar sobre quais lágrimas nossa liberdade foi construída. E não hesitem em derramar mais lágrima para mantê-la.
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